UM CERTO GENERAL CIVIL,
MAS TINHA COMANDO!
FlávioMPinto
Para ser general
do Exército tem de seguir uma carreira desde a Academia Militar ou escolas que
tinham a formação do militar como objetivo. Certo? Errado.
Houve um tempo,
não muito distante, que um político recebeu a patente de general sem
que fosse militar de carreira. Sequer frequentou os bancos escolares militares um só
dia. Era um general honorário do Exército. Este posto e honras de general de
Brigada foram concedidos pelo presidente
da República Arthur Bernardes em 12 de agosto de 1925, em virtude de suas ações
destacadas na guerra interna de 1923, a frente da Brigada do Oeste, contingente
militar formado por Corpos Provisórios da região da Campanha gaúcha. Era José Antonio Flores da Cunha, gaúcho de
Sant’Ana do Livramento, advogado e político destacado. Joca Tavares também foi
outro civil agraciado com esse posto e honras por suas ações destacadas no
front da Guerra do Paraguai. Homens
antes de tudo leais á Pátria e cidadãos sem qualquer sombra de dúvidas e
suspeitas. E que vestiram a farda com o maior orgulho, dignidade e
responsabilidade possíveis.
Se destacaram por
suas virtudes militares típicas, como reconhecimento em assuntos militares(
táticas e estratégia aplicadas), e
também naquelas em que estas se alinham
e ombreiam com os preceitos de cidadãos civis honrados e dignos quando chamados
a acudir á legalidade.
Era um tempo em
que os políticos podiam se candidatar, e se eleger, por Estados que não eram
seu domicílio eleitoral e os militares desempenhavam cargos políticos, como
prefeitos ou intendentes, deputados,
senadores, retornando á caserna ao fim do mandato. Flores da Cunha, no seu
primeiro mandato como deputado, o foi pelo Ceará.
Existiam, também,
a Guarda Nacional e Corpos Provisórios,
milícias comandadas por “coronéis” em inúmeras cidades. Eram organizadas
para suprir a deficiência em pessoal e material da Força Nacional legítima -o
Exército- e mobilizáveis em épocas de conflitos. Mas o cargo comissionado
ficava. Abrangiam toda hierarquia de uma tropa armada, mas sem efeito em
períodos de paz. No entanto, um capitão era sempre um capitão, assim como um
coronel.
Muitos eram
chamados de Provisórios e até Voluntários , no caso da Guerra do Paraguai.
Existiam os Corpos, os batalhões, os regimentos. Muitos deram origem a diversas
tropas do Exército de hoje. A Brigada do Oeste comandada por Flores da Cunha
abrigava o Corpo Provisório do Tenente
Coronel Osvaldo Aranha, o Corpo Provisório do Tenente Coronel Nepomuceno Saraiva e o Corpo Provisório Fronteiros da
República do Major Laurindo Ramos.
Flores da Cunha
era um político influente e um desses comandantes, um nome forte na política
riograndense e brasileira , destaque como valente político nas revoluções do início do século passado-1923
e 1930, e intrépido e competente líder militar nesses conflitos. Possuía o dom
de comandar e não deixava nada a dever para os comandantes militares da época.
De coronéis a generais. Era reconhecido pelas táticas arrojadas que apresentava
em contato com o inimigo.
Em 1934 receberia
o título de General de Divisão pela sua performance na revolução de 1930.
Por seu trânsito
político, era muito ouvido nas administrações tanto políticas como militares.
Usava a farda de general com muito orgulho e honra. Era respeitado dentro e
fora dos círculos militares.
As patentes de
general de Brigada e de Divisão foram cassadas em 1942 pelo Tribunal de
Segurança Nacional, impossibilitando-o de atuar politicamente e restituídos
pela Assembleia Nacional Constituinte em 1946.
“ Recriminam-me
por jogar nas corridas;que também jogo cartas, dados, roleta, e bacará, que em
jogo perdi uma fortuna no Uruguai.Mas não me recriminam pelo hábito de jogar em
azares. E silenciam quando jogo a vida, pois “ meus bordados de general eu os
conquistei nas linhas de fogo”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário