O GOVERNADOR FLORES DA CUNHA
FlávioMPinto
José Antonio Flores da Cunha
exerceu a função de Interventor no Estado de 1930 a 1935, e quando foi eleito
governador constitucional pela Assembleia Constituinte em 1936/37.
Recebeu o Estado no meio da
revolução de 1930 com as finanças
combalidas e desorganizadas.
Energicamente saneou as finanças
ante as enormes divergências até dentro de seu partido- o PRR- Partido
Republicano Rio Grandense, que o levaram a fundar outra agremiação- o PRL-
Partido Republicano Liberal, com forte
apelo jovem, posto que carregava idéias
progressistas e desenvolvimentistas bem ao gosto dos novos e jovens políticos
da época, afastando-se do castilhismo.
O Partido era uma espécie de
seita religiosa, a disciplina rígida e seu presidente um semi-deus. Passava de
pai para filho. E o PRL dominou as eleições estaduais de 1934 dando o governo a
Flores da Cunha.
Além da conjuntura econômica
adversa, a política do seu partido, que o levou a constituir outro, Flores da
Cunha, como a figura mais proeminente do PRL,
ainda lidava com uma Constituinte nacional e uma estadual com a
finalidade de colocar o País e o Estado nos eixos. Tudo se dirigia para uma
convulsão social que acabou culminando em inúmeros imbróglios políticos,
militares e sociais. A efervescência política era muito grande. Os reflexos
desta conjuntura complexa impactavam a governabilidade do Estado, considerando
que o presidente da República, além de gaúcho, assumira o cargo após movimento
político iniciado aqui no Estado. Nesta conjuntura, chimangos e maragatos se
desentenderam novamente e o solo gaúcho se viu irrigado por sangue de irmãos.
Não bastassem as carnificinas de 1893 e 1923, os resultados dessas lutas
fratricidas não haviam sido bem assimilados pelos gaúchos ensejando nova
disputa em 1932.
Tomou iniciativas que fortaleceram o Estado na
educação, comércio, agricultura, pecuária e a indústria gaúcha colocando o
Estado nos primeiros postos por desenvolvimento e importância no país. Criou a
Universidade Federal , o Instituto de Educação em Porto Alegre, o Instituto de
Previdência dos funcionários estaduais, dentre outras providências saneadoras e
organizadoras de diversos setores públicos rio-grandenses.
Renunciaria ao cargo motivado por não aceitar iniciativa do governo federal em requisitar a
Brigada Militar para servir como Força Auxiliar do Exército em crise interna,
deslocando alguns batalhões para a
divisa com Santa Catarina. Iria passar a comando da 3ª Região Militar, do Gen
Daltro Filho, mediante decreto, com a finalidade de “extirpar o cancro
comunista”. Sempre dizia que era socialista, a idade o levava a isso, por isso, com certeza, não permitia o combate aos comunistas, que
queriam incendiar o país, alegando que não participaria de lutas fratricidas. Optou
pela renúncia como governador a 17 de outubro de 1937. Foi substituído pelo Gen
Daltro Filho.
“ Era um socialista á sua maneira, como sempre dizia”.
Flores da Cunha foi um desses
homens ilustres que deixou uma lição de vida política para jamais ser
esquecida.
Bibliografia- Schneider, Regina
Portella- FLORES DA CUNHA- o último gaúcho legendário- Ed Martins Livreiro-
Porto Alegre- 1981
- Pellanda, Nize, FLORES
DA CUNHA- Coleção esses gaúchos- Ed Tchê!Porto Alegre-1986
- Parlamentares gaúchos -
Discursos(1909-1930)-Projeto Memória do Parlamento- ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO
RIO GRANDE DO SUL -Porto Alegre-1998