quarta-feira, 21 de abril de 2010

UM OLHAR NO MODO DE VIDA PARISIENSE

UM OLHAR NO MODO DE VIDA PARISIENSE
FlavioMPinto

Confesso que não vi gordos em Paris! Os parisienses são mais esbeltos que a maioria dos brasileiros, elegantes. Sóbrios.
Será que todos seguem a mesma dieta?
Ou tem na genética a capacidade de não engordar?
De qualquer forma, observamos alguns fatores que podem definir essa situação.

Em primeiro lugar, o parisiense bebe muita água. Em qualquer bar, restaurante e mesmo em casa, o primeiro item na mesa é uma garrafa dágua na temperatura ambiente, natural. O consumo é grande e a qualidade do líquido completa o prazer à mesa. Água pura e saudável, fartamente servida. Tão logo se esvazia uma garrafa, vem outra, imediatamente. Sabe-se, que a água, é um alimento termogênico auxiliando na temperatura interna do organismo e emagrecimento.

O segundo aspecto interessante é o consumo de pão. Ah, não falta pão nas refeições parisienses. Não esse pão cheio de bromatos que ingerimos no Brasil. E sim um pão saudável sem as gorduras inadequadas adicionadas para deixá-los maiores e mais bonitos. O pão francês é de casca mais dura e massudo, mais difícil de ser partido, mas não menos agradável de ser mastigado. Possui um sabor delicado, ótimo ao paladar. Ao sentarmos numa mesa num restaurante, lá vem uma cestinha com pão. Dos mais diversos tipos. Compõem o bolo alimentar. E sempre se vê um francês comendo um baguete perto do almoço. E caminhando.

Acompanha tudo isso, além da refeição, o vinho, velho companheiro inseparável da refeição francesa. Eles produzem os melhores vinhos do mundo e não os dispensam.
Já está mais do que provado a eficiência do vinho na saúde, particularmente o tinto. Ele é um complemento alimentar poderoso, antioxidante eficaz, atuante na prevenção de doenças cardiovasculares, na diminuição do colesterol e na capacidade de retardar o envelhecimento celular e orgânico.

Depois disso, nada mais salutar do que caminhar. E como anda o parisiense! Mesmo com um exemplar metrô que escorre para todo lado, os deslocamentos para chegar a ele, são muitos. Andam muito e sobem escadas como ninguém. Daqui uma observação: poucos são os elevadores em Paris. Prédios antigos , tombados pelo patrimônio e a impossibilidade de modificações não permitem modernidades e dale escadarias. Os prédios são, na sua imensa maioria, de seis ou sete andares sem elevador. Alguns, como as grandes lojas de departamentos como nas Galerias Lafayette, possuem escadas rolantes. Ajam pernas, aja disposição, que enfrentam com galhardia. As escadas para chegar aos monumentos históricos, principalmente os castelos no interior do país, são um caso á parte.

Tudo isso amplifica o combate aos deliciosos molhos cremosos e gordurosos da reconhecida culinária francesa.
Daí...

CRÔNICA PARISIENSE

CRÔNICA PARISIENSE
FlavioMPinto

Em pouco mais de 24 horas, já entendi o que faz de Paris a cidade-luz e destino da maior parte do turismo mundial. É uma cidade monumento para ninguém botar defeito. A cidade que mostra, além de ser um museu a céu aberto, que as soluções para tal ressaltam a olhos vistos tudo que a transforma em ouro.
A Torre Eiffel, por exemplo, como seu maior cartão de visitas, recebe milhares de turistas o dia todo, sete dias por semana, 365 dias por ano, na mais perfeita ordem e respeito, a despeito das enormes filas. Mas vale a pena, até para saber que braços de uma ponte a constituem. Sim, a torre é nada mais do que os braços de uma ponte portuguesa perfeitamente interligados.
Ruas limpas, trânsito legal sem guardas á vista controlando, imóveis sem pixação, sinalização urbana perfeita e bem visível, motoristas respeitadores das leis, fazem-nos como a andar numa passarela motorizada seja de carro ou ônibus. E até a pé.
Porém, o que faz tudo isso girar e acontecer é o comportamento do seu povo. Algo que nos separa brutalmente e causa inveja. É algo chamado educação. Não aquela das matemáticas e outras ciências, das línguas. É a do respeito a tudo que cerca a vida do cidadão. Desde o mais simples lugar num coletivo e na escada rolante passando pela história do país e as paredes de um museu escondido.

Uma cena exemplar: estava na frente do Louvre para atravessar um cruzamento movimentado na Av Rivoli. Observava o trânsito, quando surge um Citroen C4 preto com um senhor e pára com o braço para fora do carro bem do meu lado. Usava um Rolex. Eis que surge um metido Smart for Two e pára atravessado fazendo fila dupla bem ao lado esquerdo do Citroen, que era o primeiro próximo ao sinal. O senhor do Citroen apenas olhou para o motorista do Smart e saiu tranqüilo após abrir o sinal. Não é preciso dizer que, o dono do Smart, esperou todos da fila passarem para passar o sinal. No Brasil, no mínimo teriam acontecido dois fatos: o senhor do Citroen teria seu relógio roubado e o motorista do Smart furado a fila sem antes debochar e chamar de babaca os outros motoristas.
Outro fato: estava no Arco do Triunfo quando se aproximava uma tropa da Legião Estrangeira pela Av Champs Elysées. Na sua cadência lenta, compassada e imponente, na mais importante via parisiense, a respeitada tropa avançava sem ninguém que balizasse seu deslocamento: a medida que avançava, os carros iam parando, numa reverência ímpar. No Brasil.....Lá ninguém se atreveria.

Respeito aliado a perfeita noção de cidadania, que se observa até nas greves: são informadas e todos tomam sua providências, sem danos para suas atividades. E os grevistas cumprem o que prometem. Não é como aqui onde os direitos são colocados acima dos deveres e da responsabilidade de cada um.

Cada museu parisiense revela que estamos a no mínimo 221 anos atrás dos franceses. Querer chegar a 5ª potência mundial na próxima década, como li numa propaganda de uma agência de auditoria num protetor de cabeça num avião, é de uma ingenuidade sem tamanho. E uma brincadeira de mau gosto totalmente fora de propósitos. Despropositada e sem os pés no chão. Quem fez a propaganda desconhece o mundo que vivemos. Menos ainda o Brasil de hoje.

Os museus franceses nos dão a diferença: educação, respeito, cidadania, humanidade e profundo interesse pela história do país e por quem a fez. Não aquela história manipulada ideologicamente, e sim aquela verdadeiramente contada por aqueles que a viveram e que os de agora não deixam mudar no tempo.
Paris, Mars 2010