O HOMEM QUE SE VENDE....
FlavioMPinto
“ Todo homem que se vende, recebe mais do que vale”- Apparício Fernando de Brinkerhoff Torelly- (1895-1971)- o Barão de Itararé, gaúcho de Rio Grande.
Ao aproximar-se a data comemorativa da Revolução Farroupilha, volto a um tema surrado, mas que tem de ser sempre lembrado: VALORES.
Independentemente dos fatores políticos, a Revolução Farroupilha gerou uma torrente de valores até hoje cultuados pelos gaúchos. Brasilidade, respeito à palavra dada, honestidade, respeito à ordem, camaradagem, hombridade, responsabilidade, coragem, são algumas das sobejas características legadas pelos guerreiros farrapos e imperiais que se debateram naquela quadra histórica. Valores, valores, enfim, valores e só praticamente eles, são relembrados a cada 20 de setembro no Rio Grande do Sul. O conteúdo político caiu ante os valores carimbados na história pelo movimento farrapo.
Hoje, pelo que se depreende da sociedade, podemos acreditar que o homem gaúcho mudou. Largou de lado aqueles princípios que nortearam a vida dos gaúchos de então para uma vida regada a valores de plantão. Deixam-se de lado o modo gaúcho de vestimenta para adotar o argentino, por exemplo.
Literalmente vendeu-se a troco de bolsas nas quais o interesse espúrio e a barriga pesaram mais do que as idéias que forjaram, e forjam, um povo. É certo que “ saco vazio não fica em pé”, no entanto, atitudes , como as dos farrapos, fazem um povo ficar literalmente de pé.
Atitudes que fizeram do gaúcho um povo altaneiro, bravo, forte e reconhecido por seus dotes.
Não desejo que voltemos ao tempo da solução dos conflitos pessoais a ponta de espada e trabuco, nem que o gaúcho se pilche como antigamente 365 dias do ano, mas que os valores de então sejam cultuados e praticados por verdadeiros cidadãos cônscios de sua cidadania e brasilidade.
Buscar a tradição da palavra ser “ fiada pelo fio de bigode” requer , além de tudo, muita coragem moral. E é daí que surgem e são reconhecidos os maiores valores gaúchos.
“Sirvam nossas façanhas de modelo a toda Terra...” já está fora de moda para a juventude gaúcha.
Não tardarão a ser escravos.