quarta-feira, 26 de maio de 2010

A TRAMPA

A TRAMPA
FlavioMPinto

Não é de hoje que vozes brasileiras se levantam contra as malversões que aqui acontecem. Revoluções já explodiram por tal.
Um descalabro moral sem precedentes assola o país desde que foi descoberto. Portanto, nada deveria nos assustar nem ser motivo de preocupação. Má gestão pública e irresponsabilidade administrativa, subornos, corrupção, desrespeito a leis, uma constante na vida brasilis. O Brasil é assim mesmo!
A trampa está na genética do povo brasileiro. Basta permanecermos 5 minutos numa esquina com sinal de trânsito para averiguarmos e constatarmos o óbvio: uma sucessão de cometimentos acontecem um atrás do outro, num total desrespeito. Isso só no trânsito, uma vertente da expressão da cidadania.
O “ninguém está vendo” é tido como uma norma da boa desculpa ao se cometer um delito. Por menor que seja, o delinqüente se acha ungido ao notar que ninguém viu.
Isso é fato e parece que aqui a coisa se avoluma. Pouca coisa se respeita. As pixações que o digam. E a lei de Gerson também.
O que reclamar, então, dos maus representantes do povo se eles são a representação patética da sociedade?

A consciência é o maior freio a essas ações delituosas. Sabemos que ações corretas sem testemunhas são a maior prova de uma disciplina consciente valiosa e demarcam o verdadeiro caráter do autor.

O que não se esperava era, nestes tempos bicudos que estamos vivendo, que a cúpula governamental atual liderasse o processo com atos deploráveis. Sucessivas punições ao presidente da república por desrespeito á leis eleitorais, escândalos múltiplos de malversão de recursos e corrupção envolvendo personagens do seu partido chegando a constituir uma verdadeira quadrilha, como bem a eles se referiu um membro do STF; ações deploráveis na política externa expondo a Nação a vexames seguidos com uma falta de respeito ímpar a outras nações soberanas e a política exemplar que sempre norteou a Casa de Rio Branco, são alguns dos inúmeros exemplos do descalabro moral flagrante.

O que não se esperava era surgir um presidente ególatra e um governo com a cara do povo: corrupto e corruptor, um presidente ignorante que despreza o estudo e desrespeitoso com quem não é dos seus; um presidente que seguidamente falseia a verdade para atingir seus objetivos; um partido e um governo que só tem como programa o poder pelo poder, afrontando os outros Poderes seguidamente e que montou o mais deslavado esquema de ocupação de cargos a nível federal; e, para completar o quadro, um povo anestesiado pelas sucessivas concessões de bolsas.
Tudo isso são fatos incontestes e não passíveis de interpretação. Aconteceram e acontecem.
Não existe a desculpa que, apesar disso, o Brasil cresce. O estrago é maior e o futuro curto á frente nos cobrará caro por tal imprevidência e irresponsabilidade.
Não existe a desculpa que, com as recentes intervenções no mundo político, somos atores importantes. Somos, sim, e precisa ser dito, ingênuos e a chacota do mundo diplomático. Como querer impor a paz entre israelenses e árabes se até a Bolívia nos passa a perna?!
O Brasil não conseguirá se impor como país sério entre tantos se tais atitudes não forem corrigidas.
Mas como querer se impor se a trampa faz parte da cultura e mentalidade brasileira?