O APÊGO AO CARGO
FlávioMPinto
Além de tantos predicados sobejamente reconhecidos, as Forças Armadas presenteiam a Nação com a absoluta falta de apêgo dos seus membros aos cargos que ocupam.
Vejam o que acontece no círculo mais alto da hierarquia das forças: o oficial general não pode passar mais de 4 anos em cada etapa( no Exército-Gen Brigada, Divisão e Exército), sendo dois na tropa e dois na administração. Ou quando atingem a idade de 66 anos. Mais do que isso implicará imediata transferência para a reserva compulsoriamente. Esse aspecto é provavelmente por não ter sido promovido ao degrau seguinte e assim ocorrendo, vai para a reserva. É a regra e todos obedecem sem choro nem vela. Isso, é para que os cargos tenham a rotatividade necessária para evolução das carreiras de todos e também para que os vícios individuais não apareçam nem se propaguem nos postos nem sejam perpetuados e os ocupantes se achem “donos do pedaço”, proporcionando a oxigenação na execução do comando nos mais diversos postos.
Verdadeiros absurdos acontecem, quando o cidadão com mando, se perpetua no cargo e acaba se confundindo com ele, exagerando na dose na aplicação daquele poder de mando.
O cachimbo faz a boca torta, como diz aquele ditado português/brasileiro. Assim acontece nos mandatos sucessivos de parlamentares em qualquer nível.
Essa atitude é exatamente o que se passa na administração pública, que não possui as mesmas regras e desamor ao poder, que os militares. Apegam-se e decidem como se o cargo fosse exclusivo dele.
Seu ego fica inflado e sua personalidade recheia-se de ações típicas de governantes totalitários e déspotas não admitindo interferências, sequer para apoio á decisão.
Diz e seguidamente repete, que é solitário nas suas decisões, mas sabidamente segue diretrizes ou ordens “de cima”, candidamente, sem esboçar uma reação.
É o que está acontecendo na mais alta corte da Justiça brasileira. Se bem que em outras cortes o fenômeno também acontece, mas na mais alta o estrago é maior.
Os juízes se perpetuam nos cargos e somente saem quando atingem a idade máxima sem o freio existente no círculo dos oficiais generais. Muitas vezes cometem verdadeiras barbaridades no exercício do cargo e ficam impunes completamente, alheios ao estrago que fizeram como no caso da Raposa do Sol, onde agricultores brasileiros, ocupantes de terras a mais de cem anos com títulos de propriedade reconhecidos, foram expulsos de suas terras sem direito a nada mediante a demarcações reconhecidamente fraudulentas.
O exemplo dado pelos militares passa á margem da administração civil.
Que o Brasil aprenda nesta quadra histórica a governar com mais humildade e coloque um freio no tempo de mando nas atividades civis.