segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

A MINHA FARDA ENGOMADA


A MINHA FARDA ENGOMADA

FlávioMPinto

 

Eu tinha imenso orgulho

De andar de farda engomada.

Limpa, vincada

Nos trinques, como diria aquele guri da fronteira,

Que sem eira nem beira

Admirava os soldados do quartel.

Sim, eu tinha imenso orgulho

Da minha farda engomada

Combinando com o coturno lustrado

Com o bico redondo apontando para o céu

Quando marchava garboso

Sempre cioso de sua missão

De proteger e zelar pela Pátria.

Sim, era um imenso orgulho

O trajar a farda verde-oliva

De caimento impecável

O brim Caxias firme e forte a proteger

Os juramentos que fiz

Ao longo da carreira

Na esteira de ações de grandes comandantes.

Que saudade

Da minha farda engomada

Hoje aposentada por uma camuflada

Que nem goma sustenta

Quiçá os ideais sob juramento

Parecendo estar sempre descuidada

Descrente de sua missão.

Mas o tempo não volta

E a farda continua esquecida

Mas sempre lembrada no canto do armário

Pronta a recuperar o tempo perdido.