A MINHA FARDA ENGOMADA
FlávioMPinto
Eu tinha imenso orgulho
De andar de farda engomada.
Limpa, vincada
Nos trinques, como diria aquele guri da fronteira,
Que sem eira nem beira
Admirava os soldados do quartel.
Sim, eu tinha imenso orgulho
Da minha farda engomada
Combinando com o coturno lustrado
Com o bico redondo apontando para o céu
Quando marchava garboso
Sempre cioso de sua missão
De proteger e zelar pela Pátria.
Sim, era um imenso orgulho
O trajar a farda verde-oliva
De caimento impecável
O brim Caxias firme e forte a proteger
Os juramentos que fiz
Ao longo da carreira
Na esteira de ações de grandes comandantes.
Que saudade
Da minha farda engomada
Hoje aposentada por uma camuflada
Que nem goma sustenta
Quiçá os ideais sob juramento
Parecendo estar sempre descuidada
Descrente de sua missão.
Mas o tempo não volta
E a farda continua esquecida
Mas sempre lembrada no canto do armário
Pronta a recuperar o tempo perdido.