A PROVOCAÇÃO
FlávioMPinto
Não restam mais
argumentos para os advogados e parceiros de Lula na tentativa de o inocentarem das
acusações feitas pelo grupo de procuradores da Lava Jato. Estão sem saídas
legais para se contraporem ao arsenal de acusações imbatíveis apresentadas
pelos jovens acusadores de Curitiba.
“Matam a cobra e mostram
o pau”. Essa é a tônica. Não são acusações sem lastro. São mais de cem, sim
100, acusações que deixaram o grupo do ex-presidente atônito. Mal saiu a
denúncia e já estão todos agarrados no jus
esperneandi jurídico. Talvez não esperassem que os procuradores fossem tão
longe e incisivamente com as denúncias apresentadas.
Todos, pelo menos os
principais assessores, já estão na cadeia, inclusive parlamentares que lhe
davam sustentação no Congresso. A situação não está fácil, pois os procuradores
da Lava Jato fecharam todas as brechas. Conta-se, nos dedos de uma mão, aqueles que faltam para pagar suas
culpas em Curitiba.
A situação do gato
encurralado está configurada, restando apenas saídas ilegais e imorais, que bem se diga, como
ofensas ao Juiz Moro obrigando-o a tomar uma decisão mais drástica.
Vale lembrar do caso de
um samurai que perguntava ao seu mestre sobre o uso da espada.
-Quem é o melhor no uso da
espada? perguntou o guerreiro ao mestre.
-Vá
até o campo perto do castelo, disse o mestre. Ali existe uma rocha. Insulte-a.
O
guerreiro, surpreso, retrucou: - Porque devo fazer isto? A rocha jamais me
responderá de volta.
-Então,
ataque-a com sua espada, disse o mestre.
-Tampouco
farei isto, respondeu o discípulo. Minha espada se quebrará se o fizer. E se
atacá-la com minhas mãos, ferirei meus dedos sem conseguir nada. Mas minha
pergunta é outra: quem é o melhor no uso da espada?
-O melhor no uso da espada é aquele
que se parece com uma rocha, disse o mestre. Sem desembainhar a lâmina,
consegue mostrar que ninguém poderá vencê-lo.
Vê-se,
claramente, que o grupo de apoio ao denunciado deseja o confronto para posar de
vítima e, talvez, ganhar status de perseguido político, jogando fora toda
argumentação jurídica dos procuradores.
Vê-se,
claramente, também, que o juiz Moro joga uma partida de xadrez estrategicamente
bem jogada, deixando para apanhar a rainha no último lance do jogo,
“aniquilando”, antes , todos os defensores inimigos sem hipóteses de defesa, dos
peões ás torres. A única saída é derrubar o tablado, que é o que deseja Lula,
com absoluta certeza.
A
turma de Moro não fala, não tergiversa, não discute, apenas joga o xadrez
jurídico com competência contra um inimigo que não cansa de fraudar as regras
do jogo, buscando salvar-se da derrota que se avizinha a galope.