sexta-feira, 19 de julho de 2013

EU SOU BAGUAL.


EU SOU BAGUAL!

FlávioMPinto

O sucesso da música e a euforia da cidade com ela nos leva tecer algumas considerações. Evidentemente é uma boa música com forte apelo emocional e comercial. “Diário de fronteiriço” é mais linda ainda.

Mas ambas reforçam a imagem de cidadão grosso e estúpido, no pior sentido, como típico morador da cidade.

Diário de Fronteiriço diz até que ele é “ meio gente, meio bicho, duro de queixo”. Mesmo pilchado a capricho nada desfaz o que a música fala do santanense. E um cidadão estúpido e grosso, mal educado e desrespeitador tem sua imagem levada pela mídia mundo afora.

Não acredito que essa seja a imagem real do santanense, embora entenda e saiba que quem quer progredir sai da cidade e vai beber cultura e educação  além de trabalho em outras paragens. Daí o imenso contingente santanense fora da cidade.

Também entendo que é uma linguagem poética, uma forma de se referir ao santanense como cultuador de suas tradições mais caras. No entanto reforça o estereotipo de um sujeito grosso, mal educado, não afeito a regras nem a disciplina. Faz o que quer da sua cabeça inquieta.

“Nada me maneia” é um dos refrões da vida do cidadão bagual. Um cidadão sem freios para segurar seus esperneios ante a sociedade organizada.

Qual sociedade organizada deseja conviver no seu seio com tipos desta espécie? Mesmo convivendo, ela irá para frente? Com cidadãos “duros de queixo”?

Com pessoas tipo bagual nenhuma sociedade progride, explicando muitas coisas inexplicáveis que acontecem, e deixam de acontecer, na cidade de Santana do Livramento-RS.

“Não creio em china chorona nem égua de cola erguida

Sou um bagual solto de pata relinxando pela vida

Ninguém me grita buraco se estou de guampa torcida

Gaudério de rumo incerto não tá ligando pra vida

Sou touro e não sou terneiro, como sal em qualquer coxo

Vaca não berra comigo e não corro de touro moxo!

Não creio em china chorona nem égua de cola erguida

Sou um bagual solto de pata relinxando pela vida.”

                                                                       ( do saudoso Leonardo)

 

Canções desse quilate fazem mais estragos naquelas pessoas que ainda tem a cidade e seu povo em larga conta.

É isso aí!