A SERENIDADE DO HERÓI
FlávioMPinto
Foi impactante a foto publicada
em alguns jornais de um herói da FEB ante um baderneiro recentemente. Refiro-me
ao Coronel Amerino Raposo, herói da Segunda Guerra atuando pela Força
Expedicionária Brasileira na Itália e episódio defronte ao Clube Militar no dia
29 de março no Rio de Janeiro.
Numa ocasião , enfrentou os
valentes soldados alemães com sua máquina de guerra pronta a abocanhar o mundo
e noutra, jovens covardes e imbecilizados travestidos de agitadores. Ambos
avessos á democracia. Alemães com seu nazismo e os jovens com seu
fascio-comunismo. Os dois grupos recheados de fanatismo, um na Itália já
prestes da derrocada, e outro, no mundo, numa doutrina sangrenta e desrespeitadora que
não deu certo em lugar nenhum. Apenas trouxe miséria e violência.
Ante a turma ensandecida o herói
se mostra sereno, passivo, numa superioridade gritante e irritante ao seu
agressor. Com absoluta certeza usa o que tem de melhor de si, a calma ante o
perigo iminente e sua inteligência e sabedoria
para vencer.
Já havia vencido as tropas alemãs
no sangrento conflito mundial e não seria este, ocasionado por jovens
ensandecidos por uma doutrina louca e atiçados por outros irresponsáveis, que o
tirariam do prumo.
Não, não e não. O herói octogenário
não moveria uma palha ante aquela turba. Sua imensa trajetória de vida lhe
daria respaldo para responder sem mover uma mão. Sequer defender-se.
Venceria o duelo contra a
besta-fera sem sequer sacar sua espada da bainha. As agressões contra os velhos
soldados não figuraram nas páginas policiais como deveriam, mas mereceram, e aí
terão, as páginas judiciais. Mas, convenhamos, ganhar batalhas judiciais de
gente que não tem sequer argumento para dialogar, é dose.
O Coronel Amerino era, foi e é
herói. Exemplo inconteste de conduta. Daí resulta vitoriosa a sua atitude de
herói febiano, um grande soldado, um grande homem que não se curva a qualquer furacão
a sua volta.
Na sua imponência e sobriedade,
demonstra toda e inconteste atitude que o Exército Brasileiro e as demais Forças
Armadas tomam face aos revanchistas de plantão. Não agridem nem se defendem dos
ataques e continuam a trabalhar diuturnamente em prol da democracia que, um
dia, se tornaram fiadores.
Conheci-o em 1994 no Rio de
Janeiro, no CEBRES-Centro Brasileiro de Estudos Estratégicos, onde fui buscar
orientação para minha monografia de conclusão do curso de Estado Maior.
Destaca-se na sua figura humana o
caráter,a autoridade e o pensamento militar, tudo em harmonia com sua
privilegiada cultura e inteligência.
Continua sendo um militar de
escol.
-Quem
é o melhor no uso da espada? perguntou o guerreiro ao mestre.
-Vá
até o campo perto do castelo, disse o mestre. Ali existe uma rocha. Insulte-a.
O
guerreiro, surpreso, retrucou: - Porque devo fazer isto? A rocha jamais me
responderá de volta.
-Então,
ataque-a com sua espada, disse o mestre.
-Tampouco
farei isto, respondeu o discípulo. Minha espada se quebrará se o fizer. E se
atacá-la com minhas mãos, ferirei meus dedos sem conseguir nada. Mas minha
pergunta é outra: quem é o melhor no uso da espada?
-O melhor no uso da espada é aquele
que se parece com uma rocha, disse o mestre. Sem desembainhar a lâmina,
consegue mostrar que ninguém poderá vencê-lo.