domingo, 15 de maio de 2011

TERROIR

TERROIR
FlavioMPinto
"Terroir é uma palavra francesa sem tradução em nenhum outro idioma. Significa a relação mais íntima entre o solo e o micro-clima particular, que concebe o nascimento de um tipo de uva, que expressa livremente sua qualidade, tipicidade e identidade em um grande vinho, sem que ninguém consiga explicar o porquê."
Guide Larousse - France
Os franceses usam o terroir para bem definir o que produzem com absoluta exclusividade. Vinhos , queijos, perfumes, embutidos, produtos que demarcam nichos em mercados exigentes.
São pequenas áreas onde o clima e solo estão intimamente ligados e produzem iguarias inimitáveis.
Normalmente os terroirs vignerons franceses não ultrapassam 30 hectares. Alguns chegam a menos de 5, até 3. Pequeninas áreas. Exclusivas. Únicas.
No Brasil, incipiente em vitivinicultura, ainda se confunde terroir com extensas áreas de cobertura vegetal semelhante e já existe vinícola dando nome de terroir a seu produto, mas não define qual terroir, desinformando o consumidor.
Mais do que aquele nicho geológico, o terroir emblema um padrão a ser seguido. Um padrão em respeito a quem paga pelo produto e o consome, admirando-o.
É um grande engano dizer “terroir da campanha” referindo-se á região da campanha gaúcha que vai de Caçapava a Uruguaiana. Basta vermos nas previsões atmosféricas as diferenças de temperaturas dessas regiões para constatar que o adjetivo não se aplica.
Um terroir nos remete a uvas reconhecidas por seu passado. Não cabe tratar uma Cabernet Sauvignon ou uma Merlot com desprezo resultando em produção de vinhos baratos e pobres. Sabe-se que pode-se plantar uvas em qualquer lugar que viscejem as bagas, mas só um local abençoado permite que vinhas sensacionais cresçam e produzam.
Esse é o terroir. Formação geológica que recebe as mudas e as transforma em produtos desejados e amados: o vinho de qualidade.
Negar a uma cepa de qualidade seu lugar de destaque e relegar a seu vinho o que merece é jogar dinheiro fora. E respeito.
Recordemos que vinhos ruins não vêm de uma área reconhecida como terroir e sim de um terror. Terror para o fígado, estômago e cabeça e até para o bolso ao se comprar gato por lebre.