quarta-feira, 4 de agosto de 2010

O VINHO QUE PERDEU SUA ALMA

O VINHO QUE PERDEU SUA ALMA
FlavioMPinto

De um folheto antigo-“ Almadén convida você para descobrir os sutis prazeres do vinho...” e em busca disso fui atrás dos novos lançamentos, agora no portfolio da Miolo.

E dias atrás decidi, para não ficar só criticando, provar os novos vinhos da Miolo/Almadén.
A começar pela nova tampa, inovadora. Talvez , no mundo vitivinícola inteiro, só a Miolo esteja certa em dotar suas garrafas com a nova tampa. Solicita-se avisar os franceses.

Nas provas, o que me surpreendeu foi um leve toque de vinhos chilenos que se manifesta no primeiro gole do Cabernet Sauvignon, descem redondos e macios, tanto o Tannat como o Merlot. O Cabernet puxa um pouco para chocolate, cerejas, geléias de frutas, tem gosto agradável inicialmente. O Tannat se revela com taninos suaves. Assim como o Merlot mais insonso que já bebi. Todos apresentam um bouquet singelo, nada complexo. Nada demais, sem destaque.
No entanto, são de um vermelho rubi bonito, mas sem brilho.
E não são vinhos sofisticados para os padrões nacionais como sempre foram reconhecidos.
Falta algo.
Eu, que já tive a satisfação de degustar Almadén Palomas Pinot Noir, com 7 anos de guarda , observei que os novos donos desprezaram esse potencial. Sem dúvida, os novos vinhos são para consumo imediato, e sem tendências ao elitismo como eram. Tendem mais a populares, de mesa, para Isabel mesmo. E não para castas nobres.

Vinho que se preze tem algo de magia. Um quê diferente na boca que o faz único. Sua alma, sua identificação individual a começar pelo rótulo, sua vestimenta.
Uma aura de estilo que o define como tal, já na apresentação, pois não tem um vinho igual a outro. É a primeira impressão que se tem.
Uma personalidade que vai se definindo desde a visão de seu corpo até a prova definitiva na boca.
Definitivamente não encontramos nos últimos Almadén essas características. Nem mais o Cerro de Palomas se faz presente no rótulo.
Para quem já foi ícone dos vinhos finos nacionais é muito, muito pouco. A própria tampa já não lhe dá condições para o que mais se espera de um grande vinho: envelhecimento.
A Almadén foi banalizada. Foi-se o orgulho de Palomas, do paralelo 31.
Podem ser considerados vinhos bons, nada mais, pois falta algo.
Algo muito importante: sua alma.